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Orientações para Identificação de Objectivos e Indicadores de Sucesso da Intervenção TeS

Escala entre Não-actuação e Actuação

Parte 1: Considerações sobre a Abordagem Metodológica a Adoptar 4.1 Natureza Dinâmica e Complexa do Estudo

V. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS

5.5 Orientações para Identificação de Objectivos e Indicadores de Sucesso da Intervenção TeS

Em função do acima exposto e a fim de agilizar a intervenção no terreno, identificou- se um conjunto de objectivos gerais para a prossecução do laboratório com base numa Dramaturgia da Comunidade:

a) Objectivos no Indivíduo

– Desenvolver a criatividade, a dimensão artística e a capacidade crítica. – Reconstruir o papel dentro do grupo e nos diferentes ciclos sociais. – Promover a noção de identidade cultural.

– Desenvolver potencialidades comunicativas latentes.

– Estimular a vontade de agir e o sentimento de segurança e auto-confiança na acção. b) Objectivos no Grupo

– Transformar não-performers em perfomers criando e exibindo uma performance. – Construir o coro elaborando uma relação estética entre as pessoas e entre as pessoas e o

criar.

– Identificar e transportar actos significativos de cultura.

– Transpor fronteiras de representação social: trabalhar o impacto de um grupo dentro da comunidade.

– Esboçar vertente estética e extra-quotidiana particular, que caracteriza o grupo. c) Objectivos Artístico-Performativos

– Criar um universo extra-quotidiano, com características teatrais e performativas próprias. – Percepcionar o teatro e a performance como espaço sensorial, estético, de relação e

comunicação, na complementaridade do Poder do Teatro e da Lógica do Teatro.

– Encontrar no universo extra-quotidiano um território seguro de exploração, tentativa por erro, integração do acidente, do inesperado e do imprevisível.

– Desenvolver uma abordagem embodied e através da acção.

– Construir o programa de intervenção de Teatro Social com base num arsenal de conhecimentos antropológicos, sociológicos, teatrais e eventualmente psicológicos. – Lidar com a diferença, a troca e o encontro em termos positivos.

d) Objectivos Político-Sociais

– Colaborar com uma relação funcional entre indivíduo, comunidade e a sociedade. – Promover a participação e a inclusão com um espírito crítico e de acção política. – Contribuir para que a voz do grupo seja ouvida.

– Incentivar a desconstrução.

Evitando a dependência de uma abordagem quantitativa e de uma análise com base em parâmetros de medição, que pode resultar numa visão redutora do processo – já explanada no Capítulo de Metodologia com base em diferentes investigadores (Hughes, 2006; Thompson, 2008; Finley 2005; Guba e Lincoln, 2005; Richardson e St Pierre, 2005; Tedlock 2005, Hernandez, 2008; Conquergood, 1982), julgou-se que seria um contributo, para evitar esse enviazamento, o desenvolvimento da monitorização das sessões do laboratório de Dramaturgia da Comunidade através da elaboração de uma listagem de “Indicadores de Sucesso em Teatro Social” entroncados nos instrumentos de observação apontados por esses autores e que acolhem uma análise mais subjectiva, como seja a desenvolvida no Diário de Campo ou nos Testemunhos. Essa listagem serve de orientação e não deve ser confundida com a tradicional “check list” que limitaria a observação. Os Indicadores que se enunciam de seguida foram elaborados com base nos autores acima enunciados, nas entrevistas realizadas a Schininà, Plastow e Thompson e na Revisão de Literatura de Barba (2008), Orioli (2007), Epskamp (2006), Ventosa (2006) e Vieites (2000ª).

Listagem de Indicadores de Sucesso em Teatro Social

Indicadores de Nível Individual

– Participação: tomadas de decisão cruciais durante o processo. – Expansão da visão/ afirmação pessoal.

– Crescimento da compreensão e da identificação cultural.

– Fortalecimento da “voz”: participação no diálogo ou quebra de formas do discurso dominante.

– Reconstrução de papéis nos diferentes ciclos.

– Sentimento de responsabilidade como participante no projecto. – Grau de apropriação de recursos (imateriais e materiais). – Predisposição para estabelecer novas relações.

– Predisposição para a troca e encontro. – Capacidade de cooperar com a mudança.

– Conquista de posições na comunidade (ou na sociedade em geral).

Indicadores de Nível Grupo

– Comunicação: grau de diálogo, número de contributos, número de propostas. – Confiança: evolução entre inibição e desinibição, entrega.

– Identidade grupal: grau de clareza de objectivos; grau de unificação de objectivos. – Assiduidade: pontualidade e ausências.

– Gratificação: correspondência de expectativas no início, durante e no final do processo. – Organização: nível de distribuição de tarefas; nível de cumprimento de tarefas. – Abertura e evolução do grupo, em termos culturais, comunitários e político-sociais. – Continuação de iniciativas semelhantes.

– Grau de relação, troca e encontro entre os elementos do grupo: reacção a propostas, valores, comportamentos e atitudes.

– Outros indicadores.

Indicadores do Nível Criativo e Performativo

– Ritmo de trabalho: relação entre volume de trabalho e tempo despendido.

– Envolvimento: grau de entusiasmo, aplicação (dedicação), prazer e diversão no desenvolvimento da tarefa.

– Qualidade da Entrega: evolução na execução das propostas desde estereótipo, a imitação, a criatividade.

– Energia: grau de dinamismo e ocorrência de geradores.

– Volume de trabalho: quantidade de trabalho realizado, comparativamente. – Grau de cumprimento: relacionado com os objectivos.

– Criatividade: número de ideias, propostas, apropriações, adaptações e propostas originais. – Aplicação de técnicas: grau e fluidez de transferência dos conteúdos no processo e na

performance.

– Grau de clivagem na transição processo/ produto.

– Grau de composição da performance: reflexo (actos significativos) do grupo na “narrativa” (no conceito de Brecht), diversidade de linguagens, espaço à expressividade, nível de energia e de presença individual e de grupo.

– Grau de execução da performance: ficcional, estética e técnica. – Grau de comunicação da performance.

– Existência de relação, troca e encontro entre grupos. – Outros indicadores.

Indicadores de Nível Político-Social

– Aumento do número de actividades de formação e sensibilização nesta área associadas ao aumento do número de participantes (workshops, bailes, etc.).

– Transferência da lógica da acção (relação, comunicação, troca e encontro) em iniciativas complementares tomadas pelos participantes. (Actividades de acção comunitária, actividades culturais, etc.)

– Efeito multiplicador (transferências) com emergência de novas iniciativas em modelos performativos e participatórios.

– Reprodução de performances dentro de modelos com “estruturas flexíveis”.

– Ampliação de ciclos de audiência: audiência escolhida, audiência institucional, audiência comunitária, audiência mediática, outras (órgãos de decisão e políticos, festivais, intercâmbios, etc.).

– Aumento da diversidade de audiências. – Aumento do número de audiência.

– Aumento da participação em associações e órgãos comunitários e de decisão política e social existentes.

– Crescimento da capacidade de mudança de órgãos políticos, de decisão ou organizacionais existentes.

– Aumento do nível de auto-organização sustentável.

– Aumento e participação em acções de transformação social que impliquem a melhoria das condições de vida de grupos marginalizados ou disprivilegiados.

– Aumento da prática da cidadania.

Tendo em conta o eixo orientador sistematizado nos Objectivos e Indicadores de Sucesso, que decorrem da Revisão de Literatura e da Análise das Entrevistas, criou-se uma base sobre a qual se operacionalizou o projecto “Caleidoscópio”, no desenvolvimento do laboratório de Dramaturgia da Comunidade, que se passa a relatar na Parte 2 deste Capítulo.

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