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Encontraram-se as seguintes rubricas para esquematização dos dados decorrentes da utilização do NVivo8:

– Características gerais de cada um dos grandes temas.

– Identificação de elementos bloqueadores à progressão dos objectivos da intervenção.164

– Desconstrução de pressupostos. – Identificação de elementos geradores.166

5.6.1 Factores Éticos e Políticos

Características da Instituição e do seu Representante:

– Apoio da Instituição e dos seus elementos em aspectos essenciais à operacionalização do projecto.

– Simplificação de meios burocráticos na aprovação do projecto de intervenção em Teatro Social.

– Fácil disponibilização de recursos materiais e humanos existentes.

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Em termos individuais, são fornecidas algumas constatações mais consistentes no questionário e na recolha de testemunhos; as observações contempladas no Diário de Campo não fornecem, a nosso ver, uma base de dados satisfatória.

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Bloqueios apontam situações ou características que dificultaram ou impediram o desenvolvimento do processo em direcção aos objectivos gerais.

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Elementos geradores apontam situações ou características que favoreceram o desenvolvimento do processo em direcção aos objectivos gerais.

– Colaboração do professor para o desenvolvimento das sessões nos moldes de Teatro Social.

– Perspectiva do professor sobre o grupo em termos escolares: a generalidade apresenta limitações no aproveitamento escolar, na concentração, na sistematização, na oralidade e sem particular interesse no Estudo.

– Perspectiva do professor sobre o grupo em termos pessoais: afável, pacífico e bem- disposto. E ainda que, grande parte dos elementos demonstram falta de segurança, timidez e imaturidade, o que poderá corresponder a falta de auto-estima.

Elementos Bloqueadores à Construção de Pontes: Instituição/ Grupo

– Existência de pressupostos sobre as capacidades performativas do grupo devido à falta de espaços para a sua manifestação dentro da estrutura institucional. (DC InstEl 3)

– Existência de ideias pré-concebidas de algumas pessoas com origem no Conselho de Odemira para com os “de fora” (ou com origem citadina, ou noutros pontos do país). – Apesar da boa intenção em estimular os alunos, a incitação à acção durante o laboratório,

por parte do professor, nos moldes convencionais da hierarquia professor/ aluno. (DC InstEl 6)

– Dificuldade do professor em reconhecer a figura de operadora de TeS – e todo o tipo de relacionamento que esse papel pressupõe – em vez de professora.

– Desconhecimento das normas de construção e de comportamentos específicos ao espaço liminal – bem como da sua fragilidade.

– Dificuldade na diferenciação da filosofia e procedimentos da escola e da filosofia e procedimentos de TeS, pela existência de princípios e objectivos comuns à Escola e a TeS, com origem no tema da Cidadania. (DC CondOb 40)

– As notas atribuídas no final do 3º Período com base em critérios que, segundo a opinião dos alunos, não reflectiam a prática nem o envolvimento patentes no laboratório.

– O desenvolvimento do Laboratório estar estreitamente associado ao desenvolvimento e regras da disciplina da escola de “Área de Projecto”.

Desconstrução de Pressupostos

– Já que o projecto estava à partida bem definido em termos organizacionais, de objectivos e de resultados esperados, não era suposto o professor conhecer, à partida, os princípios que presidiam ao desenvolvimento das sessões de Teatro Social.

– Não era suposto o professor conhecer a amplitude das consequências inerentes à confusão de papéis entre “operadora” e “professora”. A operadora também não antecipou a ocorrência de tal confusão e não esclareceu o professor a esse respeito.

Elementos Geradores de Pontes Grupo/ Professor (potencialidades)

– Existência de momentos concretos que favorecem a participação de todos de forma equitativa (“top down”): participação activa do professor e do grupo nos mesmos jogos. – Existência de aspectos construtivos de comunalidades de acção entre o professor e o grupo:

receptividade ao desenvolvimento de abordagens inovadoras; receptividade ao entretenimento, criatividade e imaginação; interesse de todos em relação ao mesmo tema. (DC InstEl 2)

– Existência de aspectos construtivos de uma relação mais saudável com base em afinidades entre o grupo e diferentes ciclos, que tendem a “humanizar o papel” e esbater o “estereótipo do papel”: proximidade no local de habitação; encontro entre professores, agentes escolares e alunos em actividades fora do espaço escolar (Festas de Ano Novo; Festivais de Música; ida à praia durante férias de Verão, entre outros); filhos de professores integrarem o grupo; convívio fora do espaço escolar entre elementos do grupo e filhos de professores ou de agentes escolares.

– Convite espontâneo dos alunos ao professor para a sua participação activa. (DC PonDif 6) – Ambiente descontraído entre professor e alunos, mesmo em situações em que o primeiro

manifestou maior envolvimento nos jogos.

– Confiança do professor no processo, depositada a posteriori, apesar do não conhecimento dos seus conteúdos, do risco que envolvia e do desvio aos hábitos e normas escolares. (DC InstEl 11)

– Visão positiva do professor em relação ao grupo, apesar das limitações apontadas. – Visão positiva do grupo em relação ao professor (“bom professor”), apesar da referência

ao seu carácter demasiado exigente.

5.6.2 O Grupo

Características do Grupo

– O contacto entre a maior parte dos elementos só acontece durante o período escolar. Utilização da internet e das redes sociais para comunicar fora da escola.

– Necessidade de falar muito entre si durante a sessão, procuram o convívio.

– Desinteresse na comunicação oral sem apelo ao gestual: a forma como se comunica e a meta-comunicação são factores importantes e valorizados. (DC Ident 10)

Elementos Bloqueadores à Emergência do Coro

– Inicialmente as propostas são avançadas quase exclusivamente por dois dos elementos. – Desinteresse, timidez, ou insegurança na acção e em formular opiniões. Pouca iniciativa,

alguma passividade. Alguma falta de auto-estima. (DC Const 4, Cor 24, Proc 20) – Instabilidade no grau de envolvimento. (DC Const 5, CondOb 15)

– A maior parte dos elementos não se acha criativa. (DC CondOb 13) – Os silêncios, a neutralidade, a passividade, a não emissão de opinião.

– Se, em termos individuais, o subtrair-se à verbalização de opiniões (“ter voz”) resulta de se rever naquela formulada como sendo vontade do grupo (quase sempre através “da voz” dos mesmos elementos), ou se deriva da anulação da sua vontade própria.

– A recusa à inclusão de um dos elementos com óbvias dificuldades motoras com sequelas de ordem psicológica e comportamental.167 (DC Cor 9, Cor 9)

– A tendência para se fecharem nos mesmos subgrupos.

Desconstrução de Pressupostos

– Não conseguir verbalizar determinada ideia não significa que não a entendam. (DC Const 12).

– Não emitir uma opinião não significa que não a tenham, ou que não possuam voz própria, mas que não se sentem à vontade, ou que ainda não identificaram “a sua voz”, ou que não encontram o espaço para o fazer.

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Em conversa com alguns dos elementos, foi dito que não existiu qualquer iniciativa especial para a sensibilização da turma à vinda de alguém com tantas dificuldades e com tanta necessidade de ser acolhida de forma “diferente”.

– Os silêncios não procedem de falta de à vontade na minha presença. (DC PonDif 2)

Elementos Geradores da Emergência do Coro (potencialidades)

– Fácil adesão às propostas uns dos outros.

– Manifestação frequente de sinais de simpatia, generosidade e reciprocidade. (PonDif 5) – Facilidade em criar uma atmosfera de boa disposição. (DC Ident 3, Ident 5)

– Sentido de humor, facilidade em fazer trocadilhos, brincadeiras, interagir nos seus próprios moldes.

– Sensibilidade à linguagem corporal em acção. (DC Ident 10)

– Aceitação razoável da diferença, sobretudo desde que haja sinais de vontade de integração, de negociação e de interiorização do que são consideradas as normas da “boa convivência”. (DC PonDif 4)

– Existência de contacto físico – apesar de fugidio – no quotidiano. (DC Proc 15) – Formulação de avaliações assertivas quando bastante estimulados. (DC Dram 1)

5.6.3 Contexto Cultural

Características do Contexto

– Contexto rural.

– Existência de manifestações espectaculares e grupos variados: festas, bailes, Carnaval, Marchas, Mastros, espectáculos com grupos corais ou musicais, desgarradas, festas com espectáculos da produção dos professores nas escolas de jardins-de-infância e primeiro ciclo, entre outros.

– Acontecimentos e jogos que promovem o encontro, com prevalência da presença ou usufruto dos elementos masculinos: futebol, malha, matança do porco, caça, pesca, entre outros.

– Tradições que promovem o sentimento de identidade cultural: gastronomia, vinho, medicina alternativa, poemas de raiz popular, entre outras.

– Pouco acesso a produtos de elite artística variados, ou seja, fraco acesso à democracia cultural.

– Início de produção de festivais e outros eventos em que um dos grupos alvo são os jovens: Festival do Sudoeste, Concurso de Bandas, Festival de Jazz.

– Fácil acesso a outras formas de divulgação de produtos artísticos (música, filmes, entre outros), através da internet.

– Existência de equipamento cultural, medianamente activo: dois cine-teatros, cinema ambulante, palcos amovíveis, pequenas salas em Sociedades Recreativas (por vezes denominadas de “Centros Culturais”) ou em Centros de Dia (antigas “Casas do Povo”), discotecas e bares.

Elementos Bloqueadores Relacionados com o Contexto Cultural

– Com excepção de um elemento, consideram que o teatro é a partir de um texto onde os elementos visuais são apêndices para a valorização do conteúdo literário. (DC Ident 8, VisT 8)

– Com excepção de um elemento, remetem a carga simbólica ao texto e não à totalidade da obra: a representação é literal, naturalista. Fazem referência à construção do personagem e à criatividade. (DC VisT 8)

– A perspectiva de teatro não inclui improvisação, jogo teatral, fisicalidade, comunicação, contacto.

– A noção de cultura está associada aquela de manifestações culturais de elite (ópera, teatro, bailado, entre outras).

–Não reconhecem como sendo “cultura” o património imaterial local, ou outras manifestações espectaculares e hábitos locais.

–Não reconhecem como integrando a “sua cultura”, influências culturais de origem internacional.

Desconstrução de Pressupostos

– Não terem acesso a um tipo de cultura dominante não é sinónimo de não possuírem cultura, mas simplesmente de não serem alvo de democracia cultural.

– A ausência de perspectiva de identidade cultural, pode advir de não se debruçarem sobre o que se constitui como “cultura”, ou como a “sua cultura” e não de falta de perspicácia. (DC Ident 2)

– Alguma resistência em serem associados ao “local”, pode estar associado a não quererem ser encaixados no que consideram uma visão estereotipada das “pessoas da cidade” sobre os jovens que habitam meios rurais.

– Preferem estar “do lado” de um tipo de imagem da cultura dominante mais contemporânea ditada pela globalização, – que assegura o afastamento do estereótipo do “rural” –, por oposição à imagem do “rural”, que consideram “ultrapassada”.

– O falar muito em vez de apenas ser sinónimo de dispersão pode corresponder a hábitos de convívio, formas de estar, tempos de troca de histórias e de actualização de acontecimentos, que estão mais presentes nas sociedades rurais e entre jovens. Estas características não são valorizadas pelas sociedades urbanas e pelos adultos.

Elementos Geradores de Apoio em Contexto Cultural

– A experiência anterior em teatro na disciplina de Português deixou marcas positivas. – Um dos elementos tem uma perspectiva de teatro mais abrangente do jogo teatral e da

expressão dramática.

– Revêem-se, apreciam e participam em algumas das manifestações performativas ou culturais locais e associam-nas à “cultura do território” (ex.: os “bailinhos”, festas, entre outras). No entanto, não a denominam “sua cultura”.

– Apreciam e valorizam características locais, como sejam expressões verbais, “personagens tipo” (ex.: as comadres), cozinha tradicional e sotaque.

– Revêem-se noutros tipos de manifestações culturais contemporâneas – não apenas as de elite – de origem nacional e internacional (ex.: Festival do Sudoeste). No entanto, não as reconhecem como cultura.

5.6.4. O Laboratório, a Dramaturgia da Comunidade e a Performance

Características do Laboratório de Dramaturgia da Comunidade

– Actividades realizadas de estímulo à participação, autoria e criatividade do grupo. – Intencionalidade e alteração de trajectórias diante de constatações sobre a dinâmica e

interesse do grupo. (DC Dram 2, Dram 4 TaInt 15, TaInt 19, TaInt 20, TaInt 25) – Diversidade de alternativas estéticas e de jogo avançadas. (DC Dram 6, Dram 7) – Equilíbrio entre momentos de pressão em ir mais longe e de reconhecimento de limites

(DC Dram 5)

– Recolha de ideias, acções e manifestações de meta-comunicação que integraram o guião. (DC Proc 5, Proc 6, Proc 16, Proc 18, Proc 26, Proc 33)

– Actividades de envolvimento do grupo na apropriação do espaço do universo ficcional e do projecto. (DC Cor 22, Entr 3, Entr 6, Entr 7, Proc 36)

– Constituição de uma performance significativa para os elementos que a compõem. (DC Ident 11, Proc 29, Proc 40)

– O produto final pretender ser um reflexo fiel do equilíbrio entre a implicação, os potenciais e os formatos significativos do e para o grupo, e os factores de insegurança, de défice de democracia cultural, inexperiência, visão desfocada, ou outras limitações.

Elementos Bloqueadores ao Desenvolvimento do Laboratório de Dramaturgia da Comunidade

– Alguma resistência – cortês – em aderir às propostas apresentadas.

– Envolvimento difícil e instável na participação em actividades que impliquem a fisicalidade, concentração; particularmente complicado antes da fase final de montagem da

performance. (DC Ident 6, CondOb16, Cor 32, Desor 1)

– Dificuldade em se adaptar a abordagens e formatos que não aqueles que perduram nos seus hábitos e que exigem mais exposição e autonomia. (DC CondOb 25, Cor 15)

– Dispersão da atenção ao final de pouco tempo, sobretudo em momentos em que são transmitidas orientações ou onde não eram solicitados à acção. (DC TaInt 6, TaInt 10, – Ritmo lento na execução das actividades e passagem da ideia à concretização. (DC Const

16, MomRi 5)

– Dificuldade em entender – ou desconhecimento por inexperiência – a natureza criativa e participatória do projecto.

– Dificuldade em identificar e apoderar-se do projecto de intervenção enquanto ocasião e espaço de expressão e comunicação. (DC Const 7, TaInt 32, CondOb 3)

– Dificuldade em projectar uma linguagem simbólica, pessoal, arriscar, quebrar limites. (DC Proc 17, VisT 8)

Desconstrução de Pressupostos

– O ritmo lento na concretização pode não corresponder a falta de capacidade de iniciativa no momento adequado. Pode significar uma opção em que se “toma o tempo” apreciando a meta-comunicação que se encontra nas várias situações. (DC TaInt 24)

– A não identificação com o projecto pode advir de nunca ter contactado com a lógica do teatro na criação de um espectáculo, mais do que pelo conteúdo do projecto em si.

Elementos Geradores do Desenvolvimento do Laboratório de Dramaturgia da Comunidade

– Ouvirem-se mutuamente em momentos que consideram importantes, mas onde predomina o subtrair-se à emissão de opiniões pessoais.

– Não procurarem em geral e entre si qualquer tipo de protagonismo e – antes pelo contrário – preferirem diluir-se numa atitude discreta. (DC Cor 4)

– Existência de gestos espontâneos de entreajuda, onde a tomada de iniciativa decorre em grande parte da necessidade do outro em obter ajuda. (DC PonDif 5)

– Momentos em que manifestamente se entusiasmam com as propostas uns dos outros. (DC Cor 3)

– Prazer que sentem em realizar algo em conjunto. (DC Cor 20, Cor 22, ComRit 2) – Entusiasmo na aplicação de referências culturais locais, ou outras.

– Empenhamento devido à utilização de indutores do seu universo artístico: músicas, filmes do YouTube, entre outros.

– Empenhamento devido à utilização de indutores com referenciais às respectivas vivências sociais e afectivas.

Características do Universo Performativo Criado

– Sensação de dilatação do tempo em cena (DC Inov 20)

– Elaboração e partilha de uma poética própria ao “aqui e agora”. (DC ArtEst 2, ArtEst 5) – Reconhecimento da simbologia como essencial à criação da ficção, (DC VisTea 8) – Integração das acções físicas, embodiment, das emoções e dos sentidos no momento de

laboratório e na acção performativa, ainda que episodicamente. (DC Proc 14, Proc 34) – Apropriação criativa do espaço cénico e do jogo teatral (DC Inov 11, Inov 12, Inov 16,

ArtEst 6, Proc 30)

Desconstrução de Pressupostos

– O teatro, a sua criação e apresentação não se limitam a uma abordagem literária.

– Os pequenos actos individuais e cada voz são importantes na elaboração de um produto artístico comum; a qualidade dessa elaboração não reside nos “mais experientes”, ou nos “menos tímidos”.

– A perspectiva de si próprio enquanto performer, autor e criador.

–A perspectiva das capacidades performativas e comunicacionais dos restantes participantes.

Elementos Geradores do Universo Performativo

– Reacção positiva por parte da audiência. (DC EfIS10, EfIS 9) – Maior fluidez entre os vários sub-grupos na constituição das cenas.

– Empenho de alguns elementos no desenvolvimento de acções individuais com o objectivo de melhoramento e divulgação da performance.

– Discordância de soluções cénicas apresentadas pela operadora

– Referência ao contexto desportivo para a compreensão do “espírito de equipe”, do “objectivo comum” e da vitória.

– Percepção gradativa do teatro e performance na perspectiva do “performance text” e não da vertente literária, que ganhou um significado particular no momento da performance. (DC Inov 21)

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