• Nenhum resultado encontrado

173 Etiópia, França, Baixa Alemanha, Alta Alemanha, as Índias, Itália, Portugal e

Sicília. A criação de uma província nu ma determinada localidade dependia do número de jesuítas que ali trabalhavam e da extensão c importância do trabalho a ser feito.

Em geral, várias províncias eram agrupadas com base na identidade cultural ou na contig uidade geográfica e o grupo era chamad o de Assistência. Assim, as províncias de Andaluzia e Castela pertenciam à assis tência espanhola. Com o correr do tempo, à medida que as províncias se multiplicavam, o potencial humano aumentava e a Sociedade era re quisitada para uma missão ou outra, ha veria uma assistência inglesa, uma assistência francesa, uma assistência americana, e assim por diante.

Desde o início, Iñigo havia insistido para que a sua Sociedade fosse diferente de todas as ordens religiosas até então sancionadas pelo papa do. Seus membros não eram obrigados a cantar o ofício divino juntos, em coro, por exemplo; não tinham trajes que os distinguissem, como as ordens mais antigas, tais como os beneditinos, os carmelitas e os domini canos, eram obrigados a usar. Tampouco havia quaisquer castigos corporais.

A governança de casas e províncias também era diferente. Não esta va nas mãos de um “Cabido Geral” de membros da Ordem eleitos pelos votos de seus irmãos religiosos. Em vez disso, superiores individuais, ao longo da cadeia de comando, tomavam as principais decisões. O objetivo de Loyola era livrar seus homens daquele tipo de obrigação para com uma assembleia, a fim de que a mobilidade deles — os superiores poderem dar ordens por iniciativa própria, e os membros obedecerem a um só homem

— para trabalharem para o bem da Igreja chegasse ao máximo.

Ele também se recusava a ter o que muitas ordens mais antigas ti nham: uma Ordem correspondente de mulheres jesuítas, segundo o mo delo das freiras dominicanas, freiras beneditinas, freiras carmelit as e freiras franciscanas. Um dos episódios mais amenos do início da história dos je suítas envolveu a admissão temporária, por Iñigo, de cinco mulheres — elas foram as únicas mulheres, em 480 anos, a se tornarem membros da ordem dos jesuítas — para a profissão de votos. Isabel Roser, de Barce lona, umas das primeiras patronesses de Inácio, forçou-lhe a mão ao persuadir o papa Paulo III a permitir que ela e três companheiras fizessem votos solenes de obediência na Sociedade em 1545. Essa boa e santa mulher havia ajudado Inácio em seus anos mais difíceis; era impossível não satisfazer, pelo menos num gesto simbólico, o seu desejo de fazer parte daquilo que ela ajudara a fundar, tão logo o papa desse o seu consentimento. Depois de muita amolação e um caso d e julgamento público, todas as quatro foram liberadas de seus votos pelo papa em 1546. Em 1555, sob uma fortíssima pressão da corte real, Iñigo admitiu a rainha Joana de Castela, filha do rei Fernando de Aragón e Isabel de Castela, à profis são de votos simples na Sociedade. Conhecida como Juana la Loca (Joa na a Louca) devido a uma instabilidade emocional que se percebia nela, ela também foi liberada daqueles votos pouco tempo depois. Inácio tinha

174

feito aquelas exceções por motivos especiais, mas calcula ra com precisão que nenhuma daquelas mulheres acabaria se integrando à sua Sociedade. Os principais tipos de trabalho realizado pelos jesuítas eram a prega ção do Evangelho em terras não-cristãs, a educação dos jovens, ministé rios clericais, produção literária, pesquisa e missões especiais a eles confiadas pelo papa. As casas de uma província eram, em geral, de seis tipos: as residências (para os doutos, para os escritores, para os superio res locais, para os membros aposentados e doentes, ou para jesuítas dedicados a serviço externo); casas de estudo (para jovens jesuítas); um noviciado (onde os candidatos a entrar para a Sociedade naquela provín cia eram examinados e preparados para a admissão). Além disso, havia escolas e faculdades dedicadas à educação do público leigo e casas de retiro espiritual, para onde os leigos se dirigiam em busca de conselhos espirituais e com fins de devoção.

A cadeia de comando de cada casa, por pequena e remota que fosse, até o padre-geral, tinha um ordenamento nítido. Cad a casa tinha um padre superior. Acima dos superiores de todas as casas de uma província, havia um padre provincial. Acima de todos os provinciais de uma assis tência, havia um assistente que normalmente vivia em Roma, na residên cia central jesuíta com o padre-geral. Os poderes e as limitações dos poderes de cada superior estavam nitidamente delineados. Por sua vez, cada su perior tinha um grupo de consultores, de caráter consultivo mas cujo con sentimento era necessário na tomada de certas decisões. O sup erior de uma casa escolhia seus consultores entre os seus subalternos na casa; um pro vincial, da província; um assistente, de sua assistência; e o geral tinha seus assistentes, além de outros que pudesse querer empregar.

Em cada casa dos jesuítas havia uma série de cargos de superiores menores: um superior menor ficava encarregado das finanças da casa; ou tro, chamado de padre espiritual, ficava à disposição da comunidade pa ra conselhos e orientação espiritual; outros superiores eram prefeito da bibliotec a, prefeito de estudos e prefeito da saúde; se necessário, haveria um supervisionando a fazenda. Todos esses superiores menores que atua vam dentro das casas obtinham sua autoridade do padre superior da casa.

Numa província ou em toda uma assistência, quan do necessário, havia os “procuradores”, homens designados para superintender determi nadas necessidades da província ou da assistência.

Enviados pelo geral em Roma, em determinadas épocas chegavam os visitadores, nomeados para examinar como uma província ou uma assistência estava indo sob o aspecto espiritual, financeiro, escolástico, so cial ou político.

A ramificação de superiores maiores e menores na Sociedade era com - plexa, mas nunca difícil de manejar. Não havia elementos supérfluos. Cada funcionário, não importava seu nível, servia na solidificação ativa do ór gão mundial.

A obediência e o comando sensato por parte dos superiores eram gran demente facilitados pelo que Iñigo chamava de “exame de consciência”.

175

Outline

Documentos relacionados